A prof de Literatura pediu-nos que fizéssemos um estudo literário. E eu escolhi Érico Veríssimo. Porque me foi dado pelo avô, porque foi dado na altura certa da minha vida, porque já o li inúmeras vezes, porque não me canso da sua história, porque é bonito, porque é romântico, porque me fez feliz, porque quero partilhar com todos o que senti ao lê-lo...
Aqui vai um excerto do meu trabalho (mais precisamente o comentário pessoal ao livro)
Escolhi esta obra para o meu estudo literário porque, além de ser uma das mais famosas obras de Érico Veríssimo, é, também, o meu livro preferido.
É um romance melancólico, no entanto prende-me e aguça a minha curiosidade. Consigo relacionar cada página, cada linha, cada palavra com a minha vida pessoal. O escritor conseguiu transmitir, de forma romântica, situações banais, que podem acontecer a qualquer um. Afinal um casamento por interesse, a sede de sucesso e glória, desprezo das próprias origens, arrependimento por não ter lutado pelo amor da sua vida, são todas situações cada vez mais comuns na sociedade de hoje. É uma história da sua altura (anos 30-40), contudo com fácil adequação aos dias de hoje.
Penso que Eugênio seja um homem rico de espírito, mas pobre de pensamento. Não se deixou levar pelo coração, deixou-se levar pela ganância. Acabou por só se aperceber que errara no fim da vida da sua amada, quando já nada podia ser feito, quando só havia uma réstia do seu amor, guardado para sempre nos seus corações. Havia agora Anamaria, a menina que perpetuaria esse amor possível mas improvável por culpa dele, dela, de ambos. Porque nem um nem outro se decidiu a evadir-se de sim mesmo e ouvir o coração. Porque pensaram como trabalhadores, não como seres que amam.
Ele fascinado pela riqueza, ela fascinada pelas aventuras. Acabaram perdidos um do outro. Ela que seria o seu amor eterno tornou-se a sua amante. Ela partiu para Itália em busca de mais conhecimento. Ele casou para ter um emprego e depender do dinheiro do sogro, a sua esposa era só isso, uma esposa, não era a sua mulher. Ela tinha um namorado, contudo Eugênio permanecia na mente Olívia.
Foram felizes sempre que estiveram juntos, mas não o foram para sempre. Anamaria é o sucesso dos seus corações, a morte de Olívia numa cama de hospital é o insucesso da sua felicidade.
A ideia da história ser contada por um narrador agrada-me, sinto-me a ver um filme com todos os seus pormenores. A mistura da retrospectiva do passado com o presente é o que me faz perceber o mais íntimo de cada personagem, é onde se percebe todo o foro psicológico e social de cada personagem.
Érico Veríssimo nunca abandona o estilo romântico e evolvente, mesmo nas descrições da vida familiar de Eugênio enquanto criança e enquanto adulto. Descrições essas que são o toque melancólico e triste do livro. É triste ver/ler como um homem é capaz de rejeitar quem o ama, quem o cria. E só reparar esse erro quando é tarde demais. E essa é uma constante de Olhai os Lírios do Campo, o arrependimento tardio.
Quanto a experiências pessoais, este livro e este autor ensinaram-me a ser mais coerente, a corrigir os meus erros antes que seja tarde demais, ou até mesmo a evitar cometer erros. Deixou-me com ideias e imagens bonitas da sociedade brasileira das décadas de 30 e 40 do século XX. Deixou-me a pensar nas alegrias e tristezas de uma vida, mais que isso, parágrafo a parágrafo mudava as minhas emoções. Érico Veríssimo é um excelente escritor, e sem querer exagerar, um génio e um grande valor para a literatura mundial. A meu ver, ele vê a vida com clareza, com tudo o que há de bom e de mau, sem preconceito. Li este livro três vezes desde que mo foi oferecido. E voltarei a ler vezes sem conta, porque boa literatura nunca deve ser desperdiçada.
Faltando dizer que foi o melhor livro que li em 20 anos de vida! =D