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Sexta-feira, 10 de Outubro de 2008

Grande na minha Pequenez :D

 

Unidade e Diversidade
Eu e Fernando Pessoa
 
 
 
 “O poeta é um fingidor” será mesmo?! Ou será apenas o medo de se mostrar tal como é?! “Não sei e sei-o bem” porque também eu tenho receio de me mostrar!
 Assim sou, assim serei sempre! Sensível, frágil, pequena… inventar amigos e personalidades é a nossa protecção, a nossa fortaleza, os outros nunca saberão como chegar, realmente, a nós.
 Unidade e Diversidade! Em mim, sendo única, tenho a diversidade dos meus medos e ansiedades transformadas em personagens. Sim sou louca! Escrevo para me evadir, para me libertar de mim própria, da minha vida real que não me deixa ser quem sou, mas “tudo o que faço ou medito fica sempre na metade”, porque não me deixam ser quem sou, prendem-me numa falsa realidade a que não pertenço, da qual não gosto. Para mim o mundo era uma fantasia constante.
 E “porque quem ama nunca sabe o que ama Nem sabe por que ama, nem o que é amar…”, nunca chegarei a saber o que é o amor. Sou uma eterna apaixonada mas nunca saberei ao certo o que é amar, ficarei sempre na dúvida. Não vale a pena entender, o amor vive-se não se percebe! É por isso que “amar é a eterna inocência” e nunca saberei o quanto madura estou. Porém o meu mundo de fantasia nunca desaparece, é obrigado a esconder-se da vida real, assim surgem as minhas personagens, que tal como as do Senhor Fernando António Nogueira Pessoa têm as suas características e mostram como eu sou, uma menina! Uma menina sensível, extrovertida e um pouco de tudo. Sim somos três! Não, não é cópia do génio, aconteceu… para ser quem sou e como sou preciso de ser três! “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê tudo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive” eis a razão porque não me posso excluir de mim própria, só assim consigo ser quem sou, só com três consigo ser inteiramente uma, sem o saber explicar, surgiram e deixei-as ficar. Completam-se e completam-me, fazem-me sentir bem, inteira, preenchida, viva!
 São estes meus outros “eu” que não me deixam ir abaixo, que me fazem ir à luta, que me dão força para viver. “Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem achei.”, mas sei que preciso de todas elas, porque sozinha “não sei ser triste a valer nem ser alegre deveras. Acreditem: Não sei ser”. Não sei quantas almas tenho, porém continuo a querer… “Querendo quero o infinito”. O infinito de me conhecer a mim mesma, de conhecer cada alma, cada personagem.
 A cada manhã não sei como acordarei, que “eu” aparecerá, que ansiedades, medos e aventuras enfrentarei hoje, amanhã e depois. Surge um novo “eu” todas as manhãs, em tudo igual a mim, em tudo diferente às outras, mais sensível ou mais fria, mais calma ou mais avessa. Nunca sei como vou acordar, porque “não sei quantas almas tenho”. Mas sei que acorde como acordar o “eu” que vier pensará sempre de maneira parecida, divagando, olhando o vazio, “Bóiam leves, desatentos, meus pensamentos de mágoa, como, no sono dos ventos, as algas, cabelos lentos do corpo morto das águas”. Como se apenas existissem as águas calmas, cabelos ao vento, eu e os meus pensamentos leves, desatentos, profundos, que vagueiam sem encontrar destino, sem terem onde pousar, voltando sempre para o ponto de partida, o meu coração e a minha mente, locais de reunião de todas as minhas personagens. Onde cada uma se conhece a si própria e conhece as outras infinitas personagens do meu ser. “Minha alma é lúcida e rica”, são elas que a fazem assim.
 Tal como o mestre tinha o seu “filho indisciplinado da sensação”, também eu tenho a minha “filha indisciplinada da sensação” que não sabe “se é sonho se realidade, se uma mistura de sonho e vida, aquela terra de suavidade que na ilha extrema do sul se olvida”, a menina que não sabe se é real, se uma mera fantasia, cada pedaço de chão que pisa. A menina que quer ir para uma ilha, afastar-se dos problemas e das aventuras, embarcando numa única realidade, viver o seu sonho na ilha que “é a que ansiamos. Ali, ali a vida é jovem e o amor sorri”, seria viver o sonho da eterna felicidade. E como “cada um cumpre o destino que lhe cumpre”, o destino da menina indisciplinada da sensação é continuar a querer ir para a ilha da eterna juventude, da eterna felicidade, do eterno amor! É a única personagem, da minha infinidade, que está encaminhada, que tem o seu destino traçado: imaginar a ilha da eternidade.
 Todas as outras estão em desalinho. Como “cada um cumpre o destino que lhe cumpre, e deseja o destino que deseja; Nem cumpre o que deseja, nem deseja o que cumpre”, acabam sempre por se arrepender de algo que fizeram ou deveriam ter feito. Passam os dias num desalinho, a pensar que para a próxima será melhor, para a próxima dirão isto e aquilo e terão coragem para o fazer, sem qualquer tipo de remorso ou arrependimento.
 Desalinho que por mais que tente não consigo alinhar, desalinho que não se quer alinhar, uma confusão a que não me quero habituar. Quero ser eu, completa, com todas as minhas personagens e os seus destinos traçados, sem ter de passar os dias a tentar alinhar-me, sem ter de recorrer à menina indisciplinada para me evadir. Até nos sonhos apareço com as minhas ínfimas personagens, aparece uma nos sonhos e acordo com outra, sempre em desalinho. Deverei desistir de me alinhar?! “Cumpramos o que somos. Nada mais nos é dado”. Mas depois desta constatação a pouco e pouco “começo a conhecer-me”, contudo conhecer-me é chegar ao infinito longínquo da minha alma. Mas do pouco que já começo a conhecer-me descubro que “sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram. Ou metade desse intervalo, porque também há vida… Sou isso, enfim…”, continuo no desalinho, no meio do quero ser e no que me tornei. Já sei onde é que parei, mas onde fica esse intervalo?! Como vou situar-me no caminho das almas?! Como vou alinhar as personagens?! Então, só por esta noite “fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo. É um universo barato” um cantinho só meu, onde ninguém entra, por muito que queiram, ficam sempre de fora da minha tentativa de conhecimento próprio.
 Vou deixar de pensar tanto no alinho e desalinho, só por esta noite, uma noite de sossego leve e solto de si próprio, sem consequências ou pensamentos aventureiros, apenas sossego.
 Vou deixar de medir o tamanho da minha confusão, o tamanho do desalinho de cada uma das minhas personagens, porque “melhor vida é a vida que dura sem medir-se”.
 Depois desta noite voltarei ao mesmo, continuarei a pensar… “não sei se penso em tudo ou se tudo me esquece” e deixa só. “Não sei se sou feliz nem se desejo sê-lo”, há dias mais nublados que os outros. “Por que fiz eu dos sonhos a minha única vida?” porque é a única maneira de ser feliz numa realidade a que não pertenço.
 No fim de contas, quem tem razão é a minha “filha indisciplinada da sensação”. A minha menina, a minha sonhadora, a minha pequenina…
 
Por: Izzie Faro
música: Come Fly With Me - Frank Sinatra
sinto-me: pequenina mas GRANDE

publicado por Izzie às 16:03

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